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SÁBADO por C-Studio

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António Carreteiro

  Évora

António Carreteiro
Makeup Artist

Natural de Reguengos de Monsaraz, estudou design de moda em Lisboa e fez carreira internacional como maquilhador. No currículo, tem videoclipes de artistas como Madonna. Impressionado? A vida deu voltas e António regressou à cidade natal para dar uma nova vida à última fábrica de mantas alentejanas do País, a Fábrica Alentejana de Lanifícios. Entre connosco nesta viagem colorida ao sabor da dança da lançadeira e deixe-se encantar.

Durante anos, António Carreteiro viajou pelo mundo. Conheceu pessoas, conheceu lugares, conheceu tradições. Até que aconteceu o impensável. O regresso à vida em Reguengos de Monsaraz. Fomos até Évora, com o T-Roc, para percorrer esta história. Ponha o cinto! Este conto de vida dá voltas e voltas, com ciclos que se fecham e outros que se abrem pelo caminho. Sempre com o pé no acelerador, em segurança, e aprendizagem na mira. Zero arrependimentos.

António Carreteiro nasceu em Reguengos de Monsaraz, onde cresceu e viveu até aos 13 anos. Nessa altura, mudou-se para Tomar, para estudar num colégio interno e não voltou à terra. Estudou em Lisboa, tirou um curso de Design de Moda, e trabalhou alguns anos num atelier, onde atendia particulares. Mas a rotina dava a sensação de o prender. “Sentia-me preso ao atelier, estava muito fechado e sentia que tinha de fazer outras coisas e tinha de sair”, partilha.

    O primeiro passo para esta saída veio com o convite do Ballet Gulbenkian. “Comecei a desenhar cenários e, depois, figurinos para o Ballet, para o Teatro Nacional… E comecei a sair do atelier. Comecei a fazer coisas completamente diferentes, dentro da moda e do que era a roupa”, começa por contar António Carreteiro. “Até que surgiu a possibilidade de maquilhar, por acidente”, continua.

    Uma amiga que fazia direção de casting precisava de maquilhar adolescentes para o Clube dos Amigos Disney – “dar-lhes assim um jeito, um toque, só para ficarem bem para a imagem”, explica. O produtor gostou do resultado e convidou António Carreteiro para fazer as gravações, duas vezes por mês.

    “E eu adorei. As câmaras, o trabalho de estúdio… Era completamente diferente. Para fazer roupa dependia de uma equipa muito grande. Na maquilhagem, não. Fazia sozinho. Pegava na mala, chegava, maquilhava, fechava a mala e aquele trabalho estava feito. No dia seguinte, já era um trabalho noutro sítio, com pessoas diferentes, com energias completamente diferentes. Tão depressa fazia um desfile como um anúncio para um banco, como a apresentação de um produto. Era fantástica a diversidade de trabalhos que me aconteciam todos os dias. E isso, para mim, foi muito bom, muito gratificante. Era esse tipo de liberdade que eu acho que tinha procurado a vida toda”, conta.

    Pelo mundo até ao regresso a Reguengos

    Este caminho levou António Carreteiro a viajar pelo mundo como maquilhador, a sair de Portugal, “a conhecer sítios que via na televisão e nos cinemas”. Trabalhou para grandes marcas e personalidades da moda, nacionais e internacionais. Chegou até a ser maquilhador de um dos videoclipes da Rainha do Pop, Madonna. Durante anos, o mundo foi a sua casa. “Era aquilo que eu tinha sonhado quando vivia aqui (em Reguengos). Achei que nunca iria voltar ou, pelo menos, nunca viria trabalhar”, partilha. O que fez António voltar? O universo.

    “Foi um acaso. O meu pai tinha acabado de falecer, precisava de ajudar a minha mãe e o meu irmão em alguns negócios, comecei a passar mais tempo cá e, quanto mais tempo aqui passava, mais eu apreciava as pequenas coisas que nós não temos noutros sítios. O dia rendia muito mais, não passava tempo nenhum no trânsito, tudo era mais fácil e foi diferente”, explica.

    A carreira de 30 anos era um ciclo a fechar. António deu muito, trabalhou muito, descobriu imenso, pesquisou e trabalhou com muita gente, aprendeu com a sabedoria das pessoas com quem trabalhou e sentiu que estava na hora de dar lugar a uma geração que chegava com a energia que António tinha quando começou. “Tive a sorte de trabalhar com pessoas muito boas. Acho que trabalhei sempre com os melhores. E isso tinha estagnado já. Estava em velocidade cruzeiro, gostava muito de fazer e gosto muito de fazer, mas havia qualquer coisa…”, conta.

    O Alentejo, para mim, representa tradição, família, memórias. Quando entrei aqui (na Fábrica Alentejana de Lanifícios), achei que tinha estado a vida toda à espera disto. Era um convite irrecusável do universo.

      Um novo capítulo na história

      António Carreteiro entrou num novo ciclo quando, em janeiro de 2020, se juntou a mais dois sócios para dar uma nova vida à centenária Fábrica Alentejana de Lanifícios. A fábrica estava nas mãos de uma senhora holandesa que chegou a Portugal nos anos 80, numa altura em que o negócio estava em declínio, e que conseguiu manter a tradição das mantas alentejanas, um símbolo do Alentejo, até aos dias de hoje. “Se não se tivesse interessado e empenhado, esta tradição teria desaparecido certamente”, declara o artista.

      António vinha das filmagens e das maquilhagens. A sócia Margarida é produtora de cinema. O sócio vinha das telecomunicações. O trio – três pessoas com valências diferentes – entrou na corrida pela compra da fábrica e conquistou a confiança da antecessora. “Acreditou muito neste trio e nós estamos muito contentes por termos agarrado nisto e há muito por fazer ainda”, conta António Carreteiro.

      Quando cheguei aqui, comecei a trabalhar com as cores e com o mexer nos padrões, o desenvolver, o atualizar. Era uma aprendizagem e eu precisava disto nesta fase da minha vida.

      As tradicionais mantas de Reguengos de Monsaraz nasceram no século XVI e tornaram-se um símbolo de todo o Alentejo com as suas cores vibrantes e os padrões geométricos. O saber foi passado de geração em geração, de pais para filhos, e sobreviveu ao passar do tempo. Até que restaram cinco artesãos em toda a zona e uma última fábrica, a Fábrica Alentejana de Lanifícios, com mais de 100 anos.

      “Para mim, é um orgulho e é muito estimulante poder agarrar nos modelos clássicos da fábrica e do portefólio antigo e conseguir dar algo de mim, algo de muito novo, inovar, adaptar, modernizar, agarrar e olhar para uma coisa antiga e ver como é que isto hoje em dia pode funcionar nas decorações, nas tendências atuais”, conta António.

      Nas duas primeiras semanas depois da compra da fábrica, o artista passou o tempo a observar o trabalho dos artesãos, a conhecer os modelos antigos e a perceber o que os teares podiam fazer. Pediu que lhe ensinassem a arte. Ao fim de dois meses, já conseguia tecer praticamente tudo.

      Gosto muito de criar modelos, novos padrões, e mexer nos padrões antigos. E de dar algo de mim, do meu trabalho, de pesquisar e de tentar, do trabalho de fusão com outras influências e com outros movimentos. Às vezes, simplificar os modelos ou alterar as cores funciona bem, outras vezes nem por isso. Mas, quando não funciona bem, há logo um caminho e o processo evolutivo é contínuo.

        António gosta de ir para o tear, conta-nos, de levar as cores e as bobines, de começar a trabalhar e a fazer desenhos, a desmanchar e a evoluir. Abstrai-se dos pensamentos e de todos os problemas ao olhar para as linhas e para os fios e contar. 4, 5, 6. Muda de cor, muda outra vez, faz contrastes, depois um degradê. O artista transporta na bagagem uma aprendizagem que foi adquirindo ao longo da vida.

        “Tive muita sorte no meu trabalho como maquilhador. Pude visitar sítios onde conheci coisas que me interessavam muito, na Índia, no Peru, na Indonésia. Fui a fábricas, contactei diretamente com tecidos porque me interessava imenso. Quando cheguei aqui, foi pegar em toda essa aprendizagem que eu adquiri e fechar o ciclo. Todas essas informações, todo esse conhecimento, eu hoje posso aplicar. Posso fazer a fusão de toda a bagagem que eu trago com a tradição e dar o meu cunho pessoal”, conta.

        A tradição da tecelagem aqui nesta zona é muito antiga. Aliás, em todos os sítios onde se criam ovelhas, forçosamente tem de se tosquiar e aproveita-se a lã de alguma maneira. No princípio, separavam-se as ovelhas castanhas das ovelhas brancas e os primeiros desenhos eram justamente nessas cores.

          Se no início as mantas eram 90% castanhas, com uma barra ou pequeno desenho a lã branca – “a parte artística a funcionar”, explica-nos António Carreteiro –, a partir do século XX começam a ser usados pigmentos naturais para tingir a lã branca. Flores campestres, papoilas, lírios… E é com estas cores fortes que começam a aparecer as características mantas alentejanas, com cores vibrantes, os arco-íris, e desenhos tão característicos que nós conhecemos e que são as mantas tradicionais alentejanas coloridas.

          “No princípio do século XX, quando os ingleses deixam de comprar lã branca porque começam a trazê-la da Nova Zelândia e da Austrália, há um excedente dessa lã e são duas famílias abastadas desta zona que resolvem fazer uma indústria e é nessa altura que começa a fábrica das mantas alentejanas. Havia a tradição de pequenas famílias que tinham teares em casa e que faziam as mantas dos pastores. Essas duas famílias conseguiram reunir esses teares e fizeram a fusão dos padrões que cada uma das famílias fazia”, conta António.

          A tradição da Fábrica continua agora nas mãos de António Carreteiro, com novos produtos, novas cores e design. É da Fábrica que partimos à descoberta dos segredos da zona, guiados pelo artista.

          Porto seguro

          “Monsaraz é algo mágico, algo que se mantém igual com o passar dos séculos. É onde eu passo muito tempo a inspirar-me, a pensar. Tem as minhas vistas favoritas desta região. Gosto muito de fotografar as peças, quando saem do tear, lá. Acho que ganham um espírito diferente quando são fotografadas em Monsaraz, seja nas ruas, seja naquelas portas, nas pedras. E é um sítio, para mim, muito especial. Tem uma energia muito particular, onde eu encontro alguma calma, onde me inspiro, onde relaxo. Umas vezes também vou quando estou mais chateado, quando alguma coisa não me acontece bem… É um lugar seguro”, partilha António Carreteiro.

          Queijadas como sempre se fez

          A primeira paragem é também uma antiga tradição recuperada pelo nosso convidado: a Padaria Ideal. Estamos em Monsaraz, a poucos minutos de Évora, no coração do Alentejo e estamos no melhor sítio para devorar “as queijadas mais famosas do País inteiro”. A receita é antiga, vem da família do pai de António Carreteiro e vai passando de geração em geração, mantendo-se a mistura “como se fez sempre”. Com apenas quatro ingredientes – ovos, queijos, açúcar e manteiga –, as queijadas são o doce regional mais conhecido da zona e o bolo preferido de António Carreteiro, de todos os bolos que se fazem na padaria.

          “Eram feitas só em casa da minha avó. Não se produziam assim industrialmente. Foi há 30 ou 40 anos que se começaram a produzir para vender ao público. E é mesmo o ex-líbris da padaria, porque continuam a ser feitas como se faziam há 50, 60 anos. Da mesma maneira. Só têm quatro ingredientes e é esta mistura muito simples que faz o meu doce preferido”, garante. Pausa para provar uma queijada, claro. E que delícia!

          A padaria é um negócio de família. Lembro-me de sempre existir uma padaria e de trabalhar lá nas férias. E é uma coisa de que eu gosto muito. O pão, o amassar, o forno. Hoje em dia sou eu que tomo conta da padaria e é um projeto que não quero abandonar nunca.

          A arte de fazer queijos

          Próxima paragem: a Queijaria Fátima e Filhos, em Casas Novas. Uma preciosidade local, segundo António. Não há como separar o Alentejo do queijo. São praticamente sinónimos. A criação de ovelhas, de vacas, de cabras leva ao aproveitamento dos produtos ao máximo. E, por isso, na culinária alentejana faz parte da tradição o uso do queijo fresco.

          Faz parte das tradições aqui desta zona. Estão muito ligados (os queijos) à culinária desta região.

          Rumo a Évora

          O próximo destino deste roteiro único é um palácio erguido sobre as ruínas de um castelo mouro no século XV e que recebe agora uma mostra muito especial. Estacionamos o “nosso” T-Roc no centro, com o Templo Romano ao fundo, e caminhamos até ao Palácio Cadaval. A residência privada da família dos duques de Cadaval só abre portas em ocasiões especiais. Até outubro é “casa” da exposição LOVE, Marrakech… Opened my eyes to colour, uma exibição que retrata a paixão do estilista francês Yves Saint Laurent pela cor e pela cidade marroquina.

          É no palácio também que está à venda o último projeto da Fábrica Alentejana de Lanifícios, uma coleção exclusiva e limitada. “A exposição marca a influência que teve a cor para todo o trabalho de Yves Saint Laurent e, especialmente, como Marrocos lhe abriu os olhos para a cor. Esse é o tema da exposição. Nós pegámos nisso e fizemos uma coleção inspirada no trabalho de Yves Saint Laurent, nas misturas que fez e que nada tem a ver com o ADN das mantas alentejanas. Foi uma coisa bastante diferente do nosso percurso, mas que adorei fazer”, explica António Carreteiro.

          O palácio é lindíssimo, onde vemos algumas obras inéditas de Yves Saint Laurent. Há uma coleção de cartões de Natal que ele fazia para os amigos e que estão a ser expostos pela primeira vez. E, em concordância com esses cartões, há também umas obras de artistas marroquinos muito interessantes. A exposição das roupas de Yves Saint Laurent é mesmo na igreja São João, que é uma das igrejas mais bonitas de Portugal. Acho que esta mistura original funciona muito bem.

          A sul de Portugal, siga a sugestão e aceite o convite de António Carreteiro: “Esta é mesmo uma exposição a não perder.”

          100% produzido em Portugal, o T-Roc é composto por um sistema de segurança que inclui cruise control adaptativo, assistência de estacionamento e de emergência e sistema proativo de proteção de passageiros. Estas características fazem do T-Roc o automóvel perfeito para redescobrir o Alentejo.

          Sandra Silva, da CarW, Concessionário oficial Volkswagen em Évora
          Melhor companheiro na estrada

            Destaque

          Melhor companheiro na estrada

          O Side Assist do novo T-Roc é o melhor amigo dos condutores. Quem anda na estrada conhece perfeitamente os perigos do chamado ângulo morto ou a dificuldade em perceber a velocidade dos automóveis que se aproximam. Disponível para utilizar a partir dos 10 km/h, o sistema de assistência Side Assist avisa o condutor, com recurso a radares e através de um LED na capa do espelho, caso exista um risco de colisão.